Num mundo cada vez mais vertiginoso, competitivo, supérfluo, desprovido de valores e afeto, de natureza virtual e distanciador, o espaço que reservamos nas nossas vidas quotidianas para o aprofundamento do nosso Ser Interior é quase inexistente.
O deslumbramento pelos avanços tecnológicos,
a atração pela “felicidade” imediata – muitas vezes, presente na posse de bens materiais ao nosso alcance – ou a ocupação legítima do nosso tempo extra diário em atividades ou eventos de natureza diversa são alguns dos killers internos que, sem nos apercebermos, desviam a nossa atenção do facto de podermos progredir nas nossas Vidas com mais sentido e propósito.
O que faria perante este cenário?
Imagine agora, por alguns momentos, que a sua Vida era simbolizada por um edifício e que estaria a descer as escadas de acesso
à respetiva cave (as profundezas do seu Ser). Ia avançando com algum receio por não conhecer muito bem aquele espaço, desorganizado, cinzento, poeirento e com pouca luminosidade. Decorreu muito tempo desde que ali esteve pela última vez, estando quase a fazer um primeiro reconhecimento do terreno. Na cave fora construído um extenso túnel, onde existiam várias portas de diversos formatos, tamanhos, cores e texturas, todas fechadas. Ia caminhando lentamente, na penumbra, com medo do que poderia acontecer, face
à solidão em que se encontrava. Mas não podia voltar para trás, também pela curiosidade do percurso exploratório a efetuar.
Por entre todas aquelas portas alinhadas surgiu uma que, pela sua peculiaridade e um pequeno raio de luz que a atravessava, atraiu a sua inquietante atenção. Aproximou-se
e tentou abri-la, mas sem êxito. Tentou mais e mais vezes, e nada aconteceu. Decidiu afastar-se, então, para refletir um pouco sobre aquela inusitada situação. Pensou em diversas estratégias, mas cada vez ficava mais confuso e impaciente. Eis que surge uma “voz interior” que lhe sussurra: “Por que estás
a utilizar uma chave que te foi oferecida por outros, ao invés de recorreres à chave-mestra que existe em ti (única no mundo) e que te faculta o poder de abrires, quando e como quiseres, qualquer porta na tua Vida? Pensa nisso com Amor …”
Ainda abalado pelo que acabara de registar, aproximou-se da dita porta e seguiu as referidas orientações. Utilizou a sua chave-mestra e, num ápice, sem qualquer tipo de dificuldade, a porta abriu-se lentamente. Uma luz maravilhosa, resplandecente ia-se propagando, gradualmente, por todo aquele espaço até então escuro e desorganizado. Uma brisa de ar fresco penetrante e um perfume de odor intenso invadiram a cave, transformando de um modo inimaginável, e para sempre, um local onde não era suposto haver qualquer tipo de vida ou atividade…
Não reservamos, pois, algum do nosso tempo disponível para:
– Contemplar as maravilhas da natureza em todo o seu esplendor;
– Sorrir e abraçar quem mais precisa (ou quem mais amamos);
– Estar disponível para partilhar conhecimentos/experiências;
– Escutar ativamente e sem julgamentos;
– Dar-se genuinamente aos outros, sem esperar receber algo em troca;
– Meditar sobre o Propósito de Vida pessoal;
– Investir em desenvolvimento pessoal e mudança interior;
– Analisar as razões da permanente procrastinação (em questões essenciais da nossa Vida);
– Pensarmos em nós como o ser humano “especial e único” que somos;
– Amarmo-nos, cuidarmo-nos
e respeitarmo-nos;
– Afastarmos as pessoas e as situações tóxicas do nosso caminho;
– Escolher a aproximação a pessoas positivas, motivadoras e com inteligência emocional poderosa…