Alergias de verão


Portrait of the happy blond haired girls sisters with cream on the shoulders in shape of sun laughing and hug in sunset. Family holidays and sun protection concept

Quais as mais frequentes e como prevenir?

 

O verão é uma época do ano particularmente aguardada por todos. Os dias ficam maiores e convidam ao contacto com a natureza. As férias levam-nos a sair da rotina, mas (há sempre um mas) as doenças não tiram férias e por isso mais vale prevenir e não correr riscos. Conheça as alergias mais comuns nesta época do ano e o que deve fazer para as evitar!

 

 

  1. Alergia ao sol

Ocorre em até 10% da população, na sua maioria jovens entre os 15 e 35 anos e, sobretudo, do género feminino. Pode ocorrer em qualquer área do corpo, mas é mais comum nas áreas expostas. A urticária ao sol carateriza-se pelo aparecimento de comichão (prurido) e manchas vermelhas (lesões maculopapulares eritematosas) poucos minutos após início da exposição solar e podem manter-se durante alguns minutos a várias horas.

A intensidade dos sintomas está relacionada com o tempo de exposição solar e nível de radiação solar. Na maioria dos doentes interromper a exposição solar leva ao desaparecimento das queixas, mas não é o que se pretende, pelo que aconselhamos usar um fotoprotetor solar com fator de proteção solar (FPS) 30 a 50, evitando a exposição solar nas horas mais quentes. Se mesmo assim os sintomas persistirem, deve consultar um médico que poderá prescrever, se indicado, anti-histamínicos, dermocorticoides nas situações mais graves e sobretudo nas próximas exposições solares fazer tratamento preventivo.

 

  1. Picadas de insetos

As picadas de insetos como as melgas, mosquitos, percevejos, moscas, formigas, entre outros, são muito comuns no verão. A reação mais frequente chama-se estrófulo ou prurigo estrófulo e corresponde a uma reação alérgica retardada no local da picada.

Atinge preferencialmente crianças entre os 2 e 10 anos, e carateriza-se pelo aparecimento de uma borbulha vermelha com uma pequena bolha de água no centro (lesão vesicular) que traduz o local da picada do inseto com injeção na pele dos venenos que estes transportam no ferrão. As áreas mais afetadas são os punhos, antebraços, cintura, pernas e face. Dão tanta comichão que o ato de coçar produz uma pequena ferida e crosta, que depois de desaparecer pode deixar marca que pode demorar a passar.

A abordagem terapêutica tem como objetivo o alívio da comichão e inclui a toma de anti-histamínicos orais e a aplicação de cremes anti-inflamatórios, como os dermocorticóides. Para prevenir a picada aplique de forma continuada e recorrente bons repelentes de insetos. O grande perigo relaciona-se com as abelhas e vespas. Em cerca de 10% das picadas ocorre uma reação local exuberante com inchaço (edema) e inflamação superiores a 10 cm de diâmetro, dolorosa e muito incomodativa, necessitando de tratamento com anti-histamínicos e aplicação de corticoides de baixa potência, mas não colocam a vida em perigo. Numa percentagem menor de doentes (estima-se menos de 1%), a picada destes insetos pode evoluir para uma anafilaxia e os sintomas surgem alguns minutos após a picada, podendo apresentar vários graus de gravidade. Mais frequentemente manifestam-se por urticária, edema, falta de ar, desmaio, síncope e, se não for tratado imediatamente, pode evoluir para a morte. Estes doentes têm de ser encaminhados para a consulta da especialidade, serem portadores da caneta autoinjetora de adrenalina e fazerem tratamento de dessensibilização com imunoterapia específica.

 

E os piqueniques?

 O verão é uma época em que optamos por uma alimentação mais leve com fruta fresca, frutos secos, peixe, mariscos ou verduras. O consumo de refeições confecionadas fora de casa, em especial que contenham estes alimentos, é a situação que acarreta maior risco. Na verdade, embora qualquer alimento possa ser responsável por uma alergia alimentar, na infância as alergias alimentares mais comuns são o leite de vaca, ovo, trigo, peixes, frutos secos. No adulto destaca-se a alergia aos mariscos, peixe, frutos secos e frutos frescos.

Os sintomas surgem habitualmente poucos minutos após a ingestão e as manifestações clínicas mais frequentes são a urticária, o edema, atingindo camadas mais profundas da pele (angioedema), a síndrome de alergia oral, os sintomas gastrointestinais e mais raramente reações anafiláticas.

A síndrome de alergia oral caracteriza-se pelo aparecimento de edema, prurido e/ou formigueiro dos lábios, língua, garganta ou toda a cavidade oral, sendo causadas habitualmente por um fruto fresco ou vegetal. As manifestações gastrointestinais mais frequentes são as náuseas, os vómitos, as cólicas abdominais e a diarreia.

As reações anafiláticas constituem a forma mais grave de reação alérgica e desencadeiam-se de forma muito rápida, colocando em risco a vida do doente. A ingestão acidental inadvertida pode ocorrer por contaminação durante o processo de manipulação de outros alimentos.

Caso suspeite de que sofre de alergia alimentar deverá procurar aconselhamento numa consulta médica diferenciada de Imunoalergologia.

 

Anafilaxia induzida pelo frio

 A maioria dos casos, por vezes mortal, ocorre durante a época balnear, após imersão corporal total em água fria, no mar, rio ou piscinas. Esta entidade é considerada como uma causa relevante em algumas mortes por afogamento.

 

A importância da ajuda especializada

 Para passarmos um verão em beleza, devemos conhecer estas doenças alérgicas de verão e, se necessário, procurar um Imunoalergologista que nos ajude a lidar com todos estes desafios e a prevenir situações que potencialmente podem ser graves e que nos poderão alterar o plano de férias. O seguimento em consulta especializada é, por isso, fundamental para o estudo e a realização de testes diagnósticos, para um aconselhamento individualizado sobre como prevenir ou mesmo tratar ativamente episódios no futuro, já que existem determinados tratamentos – como é o caso das vacinas – que podem melhorar estas situações.

Ana Morete,

Imunoalergologista no Hospital CUF Porto, Instituto CUF Porto e Clínica CUF S. João da Madeira

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