Dia Mundial do AVC – Principal causa de morte e incapacidade em Portugal AVC


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O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma emergência médica, sendo atualmente a principal causa de morte e incapacidade permanente em Portugal. A cada hora, três portugueses sofrem um AVC. Um deles não sobrevive e metade dos sobreviventes ficarão com sequelas incapacitantes.

Os últimos 18 meses tiveram consequências, algumas delas irremediáveis, no tratamento dos doentes com AVC, quer na fase aguda, quer a nível da reabilitação. A pandemia colocou uma enorme pressão nos serviços de saúde, com natural implicação nos cuidados de saúde prestados aos doentes Covid-19, mas como viemos a confirmar, com um impacto extremamente negativo nos doentes não Covid-19, nos quais estão incluídos doentes com AVC.

Verificámos que no início da pandemia houve uma diminuição na procura de cuidados de saúde hospitalares e quando essa ocorreu foi tardia. No caso dos doentes com AVC, este atraso, impediu, muitas vezes, a realização de tratamento na fase aguda, levando a que as sequelas fossem mais marcadas. A marcada diminuição na oferta de cuidados de reabilitação, praticamente inexistente durante o estado de emergência, limitou ainda mais a possível recuperação destes doentes.

 

Reconhecer sintomas

É importante recordar a necessidade de identificação precoce dos sinais de alarme e o rápido contacto para o 112, que disponibilizará meios de auxílio específicos, ativando a Via Verde do AVC (VVAVC). Entre os sintomas mais frequentes salienta-se um conjunto de manifestações comumente conhecido pelos 5 F’s”. São eles:

  • Face descaída, dando uma sensação de assimetria do rosto;
  • Diminuição da Força num braço (acompanhada ou não de diminuição de força na perna);
  • Dificuldade na Fala e em ter qualquer tipo de discurso. Fala arrastada ou existência de discurso pouco compreensível e sem sentido;
  • Falta súbita de visão, alteração da visão ou diminuição abrupta num ou em ambos os olhos ou visão dupla;
  • Forte dor de cabeça, dor de cabeça muito intensa e diferente do habitual.

 

Reabilitação e consequências

Além do diagnóstico e do tratamento na fase aguda, é imprescindível não descurar a reabilitação. A reabilitação tem um papel preponderante a vários níveis: na recuperação funcional, cognitiva e psicossocial; na integração social; na melhoria da qualidade de vida; na manutenção da atividade profissional e no grau de dependência. As consequências do AVC podem ser diversas: dificuldade na mobilização de um membro, alteração de linguagem com dificuldade de expressão ou de compreensão, alteração da visão, alteração da deglutição, alteração do equilíbrio, alteração da sensibilidade, entre outras. Cerca de um terço dos sobreviventes de AVC podem ficar com défice cognitivo e muitos com dor crónica. É importante um plano de reabilitação adaptado às necessidades de cada doente.

 

Prevenção

Não menos importante é a prevenção. O AVC pode ser evitado em cerca de 80% dos casos. Temos de prevenir um primeiro evento, mas também evitar a recorrência. Apesar de alguns fatores não serem passiveis de intervenção como a genética, a idade ou o género, importa controlar a pressão arterial, tratar a diabetes e a dislipidemia; adotar uma alimentação adequada, pobre em gorduras e sal; praticar exercício físico regularmente; não fumar (fumar duplica o risco de ter um AVC), nem consumir bebidas alcoólicas. Em muitos casos, a alteração dos hábitos do dia-a-dia não é suficiente, sendo obrigatório iniciar terapêutica farmacológica.

 

Combater o AVC no futuro

Sabemos que o peso do AVC irá aumentar nas próximas décadas, devido ao aumento do número de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, que se prevê aumente 23% na Europa até 2030.

No final de agosto de 2021, Portugal, na pessoa da Dra. Graça Freitas, num conjunto de 55 países europeus, assinou um acordo em que se compromete a promover o desenvolvimento e a implementação de políticas públicas eficazes, integradas, sustentáveis e baseadas na evidência para a prevenção e tratamento do AVC na Europa. Este compromisso abre o caminho para melhorar os cuidados prestados aos doentes com AVC em Portugal.

 

 

Luísa Fonseca
Assistente Hospitalar Graduada de Medicina Interna
Coordenadora Unidade de AVC do Centro Hospitalar Universitário S. João
Assistente Convidada da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto
Coordenadora do NEDVC da SPMI

 

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