A alma canta o sopro da paz. Só é pena que nem todos estejam preparados para ouvir a sua melodia…
O caminho da paz existe dentro de nós. Somos a luz da nossa própria caminhada.
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Quando conectados com a nossa essência, não nos prendemos às dores, nem às deceções, tristezas ou lamentações. Ao ouvirmos a melodia da alma, munimo-nos da força da esperança, e se continuarmos firmes na caminhada, se procurarmos crescer e evoluir diariamente com os acontecimentos menos bons, então seremos congratulados com a nossa própria voz de alento. Por vezes, é difícil, tendo em conta as ondas de tormento. No entanto, é ainda mais difícil quando silenciamos a sua voz, o seu canto, a sua musicalidade, e sofremos e maldizemos, reclamamos e vitimizamo-nos, uma vez presos às intempéries do caminho.
A cada acontecimento menos bom que vivemos no passado, se estivermos bem atentos, vamos encontrar algo bom associado, nem que seja uma aprendizagem que nos trouxe alguma coisa positiva no futuro. Não há dor, nem tormento sem crescimento, a não ser que estejamos totalmente vendados perante o grande musical que é a vida, que toca para nós o tempo todo, seja pelo amor ou pelas feridas.
Aprender através da dor
Com o tempo, percebi – e tive provas – que tudo o que perdi me fez crescer de alguma forma. Às vezes, as perdas não nos dão a oportunidade de recomeço, mas acabam por nos trazer algo bom: aprendemos a lidar com a frustração de não ter algo que gostaríamos muito e isso, por si só, já é construtivo, porque deixa a nossa alma mais firme e forte para enfrentar novas situações. Nesta musicalidade da vida, quem nos dera que fosse apenas composta por ondas de amor, sem ruídos de dor, mas infelizmente não é assim.
Podemos desistir ou seguir com foco na esperança de ouvir o som da alma, que nos capacita para fazermos do caminho um canto de paz. Vamos concentrar-nos nas construções, na gratidão, na esperança e, acima de tudo, na força e oportunidade de crescimento.
Esta aprendizagem pode ser feita pela felicidade, mas acontece mais depressa através da dor.
Então, até as dores têm a sua importância no caminho da vida. O problema é quando as transformamos em feridas abertas, sem interpretarmos o seu significado, sem entendermos o que nos trouxeram, impedindo-nos de crescer e evoluir. O problema é quando nos transformamos em vítimas e não assumimos o nosso papel de agentes transformadores e de alunos em constante aprendizagem, que estão apenas a seguir o seu papel de contínuo crescimento, de alma em evolução, de Ser em transformação.
Vida + harmoniosa
Há muito tempo que abandonei a vestimenta da dor e do sofrimento para assumir o meu papel de constante aprendiz, porque se nos apegarmos ao aprendizado e ao crescimento, à riqueza dos bons e dos maus momentos, percebemos que tudo é acréscimo, tudo é aprendizado e transformação. E você? Já abandonou a vestimenta da dor, da mágoa, da vitimização? O que precisa de fazer para assumir o comando da sua vida em ritmo constante de crescimento? Se estiver atento, com amor, com foco no crescimento, tudo fica mais leve. Pense nisso! Sejamos os autores da nossa própria vida. Sejamos alunos atentos e agentes transformadores, com a plena certeza de que o musical da vida pode não ser composto apenas por melodias de amor. Por vezes, pode ser constituído por melodias de tristeza e dor, mas se abraçarmos a voz da alma, o seu canto mais pronunciado e a própria essência, teremos paz, mesmo nas maiores tempestades…
Sugestões para uma vida com mais paz:
- Aprenda a ouvir a sua alma. Reserve momentos para relaxar, ficar em silêncio e sentir a sua voz interior. Todos somos munidos de intuição. Ela é a nossa conexão com a vida, com o Universo e com o “Eu interior”. Conecte-se, medite, se necessário, e fique atento a esta voz…
- Evite ficar preso às intempéries do caminho, o que passou, passou. Mesmo que no passado lhe tenha trazido dor, a função de uma determinada situação foi ensinar. Se ficar preso ao passado e à dor, a ferida não cicatriza. Se verificar que continua preso à dor, procure um terapeuta da sua confiança. Não viva com este peso. Ficar preso às dores e aos sofrimentos gera “morte em vida”.
- Não alimente sofrimentos. Evite maldizer, reclamar, vitimizar-se. Todos passamos por situações menos boas na escola da vida. Se ficarmos presos às dores do passado, coibiremos a oportunidade de crescermos pelo amor e sem dor no tempo presente. Somos aquilo que vibramos e que pensamos, e a nossa vibração tem força de atração.
- Foque-se na esperança, alimente-a, acredite que nasceu para vencer e que tudo irá correr bem. Fique atento a cada vitória diária. Existem sempre vitórias, basta estarmos atentos ao que é construtivo, positivo. Agradeça diariamente tudo o que tem… a cama quente onde dorme, a casa que o abriga, o alimento que nutre o seu corpo… Ter esperança e gratidão mostra-nos o quão ricos somos e, por vezes, não temos essa consciência.
- Olhe para a vida como palco de aprendizagens. Sugiro que decida o que quer e como quer que esteja este palco. Quando decidimos que queremos que ele seja iluminado pela paz, procuramos inconscientemente os instrumentos de paz; tornamo-nos mais tolerantes nas relações; ficamos atentos aos nossos comportamentos; procuramos ajuda quando precisamos. Por outro lado, queremos afastar-nos de brigas, zangas, conflitos, confusões.
Lembre-se: viver em paz, estar nutrido pela paz, também é uma escolha. Quando escolhemos isso mesmo, temos atenção para fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para transformarmos o nosso mundo num grande musical de paz.
Reliane de Carvalho
Hipnoterapeuta, Mestra em Ciências em Emoções pelo ISCTE-IUL
Autora dos livros Menina dos olhos da alma e A luz dos meus olhos – Uma viagem interior
hipnoterapeutareliane@gmail.com